Origem. Et. Do latim formatĭo, ōnis "ação de dar forma, aspecto, aparência, padrão" + Do latim intĕger, grum literalmente “intocado (de in-, “não”, mais a raiz de tangere, “tocar”), não danificado, inteiro, completo", sugerindo a noção de "dar forma para que o objeto se torne completo". A noção de um processo formativo que vise o desenvolvimento completo do ser humano pode ser encontrada na Antiguidade Grega, com a chamada Paideia (παιδεία).(Glossário da EPT, disponível em https://www.glossariodaept.com/formacao-integral) |
Relaciona-se diretamente com o conceito de omnilateralidade e busca a formação humana em sua integralidade, nos aspectos físico, emocional, social, estético, artístico, cultural. Sobrepõe-se, sobremaneira, à ideia de unilateralidade humana e na concepção do trabalho não concebe a dicotomia entre trabalho manual e trabalho intelectual, pois no cerne trabalho direciona o ser à sua formação integral.
A formação integral visa formar o ser em sua totalidade, capaz de pensar com coerência, criatividade e lógica, ter autonomia moral e crítica, desenvolver saúde física, consciência corporal e competência politécnica, cidadão atuante nas questões sociais, culturais, científicas e tecnológicas em contraponto ao ser fragmentado mero repetidor de operações aprendidas, alienado de si e dos outros, fragmentado.
O conceito visando à formação emancipatória e libertadora está presente na configuração da Educação Profissional e Tecnológica (EPT) citado na Lei n. 9.394, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação que preceitua: “A educação (...) tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. (BRASIL, 1996).
Moura, Lima Filho e Silva (2012) concluem que a formação humana integral na concepção de formação omnilateral, politécnica é que trarão a emancipação humana. O conhecimento desses conceitos por sua vez é fundamental para a construção da escola unitária, em contraposição à educação unilateral, para formar cidadãos críticos e transformadores de sua realidade social. Ciavatta (2012) afirma ser a formação humana integral uma formação cidadã para a leitura do mundo e dos fenômenos sociais.
No ensino médio integrado, a formação humana integral é trabalhada com a integração das dimensões: trabalho, ciência, cultura e tecnologia. A dualidade histórica marcada pela divisão entre os que trabalham manualmente e os que trabalham intelectualmente dificulta a aplicação prática do propósito educacional emancipatório. (Cembranel; Sandri, 2016).
Tonet (2013, p. 730) ratifica:
É a partir da análise do trabalho e de suas relações com as demais dimensões do ser social – tais como linguagem, socialidade, arte, ciência, política, direito, educação, filosofia, etc. – que se compreende que o ser social é uma totalidade, isto é, um conjunto de partes articuladas, em constante processo.
Para que se atinja a integralidade da formação, defende-se que haja a integração na transmissão dos conhecimentos. Quando o currículo escolar dá-se de forma fragmentada, por disciplinas, e o educador não conhece o currículo escolar e sim somente aquilo que lhe cabe enquanto disciplina curricular ou fazer pedagógico, a formação humana integral fica prejudicada.
Ramos (2017, p. 35):
No ensino, é preciso que os conteúdos sejam apreendidos como um sistema de relações que expressam a totalidade social. Para isso, eles devem ser aprendidos no seu campo cientifico de origem (disciplinaridade) e em relação a outros campos distintos (interdisciplinaridade).
Nesse ponto, é fundamental a presença do assistente em administração, enquanto agente de transformação social do educando, pois a integração deve ocorrer não de forma determinada, com horário marcado e o espaço definido, mas sim, aproveitando-se do ambiente escolar uma vez que a “totalidade é observada nas relações sociais”. (Cembanel; Sandri, 2016, p. 5).
TOME NOTA, ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO! Não confunda formação integral com formação em tempo integral. Esta, refere-se ao tempo que o aluno permanece na escola, enquanto aquela visa à formação do ser em todas as dimensões sociais. Todos na escola são educadores, uma vez que transmitem valores e saberes em suas relações. Assim, o servidor assistente em administração que exerce suas funções em setores administrativo/burocráticos seja ligado à gestão de pessoas, administração, planejamento, gestão institucional devem observar em sua atuação cotidiana a consequência na formação humana integral do estudante, ainda que sua ação no momento seja indireta. “Os funcionários têm uma função muito importante, pois seus afazeres diários contemplam uma dinâmica social ativa no processo de educar”. (SILVA; NADAL, 2016, p. 1). Te convido a assistir ao vídeo “A formação humana integral como fundamento da Educação Profissional e Tecnológica”, disposto no link https://www.youtube.com/watch?v=hivFe95raLQ oriundo do Instituto Federal da Bahia (IFBA). Também te encaminho para o Produto Educacional “Trilhas para a Formação Humana Integral”, produzido por Erika Brito Oliveira de Araújo e José Henrique Duarte Neto, vinculados ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE), no link https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/598983/2/Trilhas%20para%20a%20Forma%C3%A7%C3%A3o%20Humana%20Integral.pdf. |
Referências bibliográficas e sugestões de leitura
BRASIL. SETEC. Documento Base da educação profissional técnica de nível médio integrada ao ensino médio. Brasília, DF: MEC; SETEC, 2007. Disponível em http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/documento_base.pdf. Acesso em 13 ago. 2023.
BRASIL. Lei n. 9.394/96. LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em 11 ago. 2023.
CEMBRANEL, J. K.; SANDRI, S. Formação humana integral e suas possibilidades teórico-metodológicas no Curso Técnico em Agropecuária. In: Os desafios da escola pública paranaense na perspectiva do professor PDE. I vol. Versão online. ISBN 978-85-8015-093-3. Cadernos PDE. Disponível em http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2016/2016_artigo_ped_unioeste_josianekrackeker.pdf. Acesso em 13 ago. 2023.
CIAVATTA, M. A formação integrada: a escola e o trabalho como lugares de memória e de identidade. In: FRIGOTTO, G; CIAVATTA, M.; RAMOS, M. Ensino médio integrado: concepção e contradições – 3ª ed. – São Paulo: Cortez, 2012. Disponível em https://periodicos.uff.br/trabalhonecessario/article/view/6122. Acesso em 11 ago. 2023.
MOURA, D. H.; LIMA FILHO, D. L.; SILVA, M. R. da. Politecnia e formação integrada: confrontos conceituais, projetos políticos e contradições históricas da educação brasileira. 2012. Disponível em https://www.scielo.br/j/rbedu/a/XBLGNCtcD9CvkMMxfq8NyQy/abstract/?lang=pt. Acesso em 11 ago. 2023.
PEREIRA, A. F. R. Glossário da EPT. Disponível em https://www.glossariodaept.com. Acesso em 13 ago. 2023.
RAMOS, M. Ensino médio integrado: lutas históricas e resistências em tempos de regressão. In: Ensino Médio Integrado no Brasil: Fundamentos, Práticas e Desafios. Brasília, Editora IFB, 2017. Disponível em https://ojs.ifes.edu.br/index.php/ept/article/view/356/317. Acesso em 13 ago. 2023.
SILVA, L. do N; NADAL, B. G. A participação do funcionário, enquanto educador, em processos de gestão escolar democrática e participativo. In: Os desafios da escola pública paranaense na perspectiva do professor PDE. 2016. Governo do Paraná. Secretaria do Paraná. Versão online. V. I. ISBN 978-85-8015-093-3. Disponível em http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2016/2016_artigo_gestao_uepg_lourivaldonascimentoesilva.pdf. Acesso em 13 ago. 2023.
TONET, I. Interdisciplinaridade, formação humana e emancipação humana. In: Serviço Social e Sociedade, São Paulo, nº 116, p. 725-742, out/dez 2013. Disponível em https://www.scielo.br/j/sssoc/a/GXvFhStx9X44bbqzhJWQNfs/?format=pdf&lang=pt. Acesso em 13 de ago. de 2023.
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